segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Os problemas com as chuvas

Acabamos de passar por mais um período em que as chuvas castigam muitos cidadãos. Quem mora perto de rios, córregos e encostas mal consegue dormir. Jamais conseguiremos compreender a dimensão do sofrimento daqueles que precisam abandonar seus lares, que perdem seus bens materiais e têm que reconstruir tudo. Mas conseguimos ser solidários e, no Pj, conseguimos entender alguns lados importantes da questão: os lados que dizem respeito ao papel do poder público nesse cenário.

É muito comum ouvirmos pessoas dizerem que a culpa é do governo, que os políticos não fazem nada a respeito. Obviamente, existem casos em que isso realmente é verdade. Mas não dá pra generalizar. Algumas pessoas têm soluções óbvias para o problema: "É só alargar o rio!", dizem com ar de autoridade no assunto. "É só tirar todas as famílias da beira do rio!", exclamam com jeito de quem solucionou tudo! Então, também não dá pra generalizar as soluções.

Sendo assim, vamos começar a pensar com um pouco mais de cuidado. Acredito que existam três frentes de trabalho para os governos: a preventiva, a socorrista e a educativa.

Prevenir tragédias causadas pelas chuvas requer investimentos em fiscalização (para não deixar ninguém construir em áreas inapropriadas) e em infra-estrutura (obras que vão desde a drenagem adequada nas ruas, passando pelas intervenções nos leitos - desde que autorizadas pelas autoridades do meio ambiente - até moradias populares, para onde iriam as pessoas que habitam as áreas de risco).

Para ajudar as pessoas que são afetadas pelos problemas com as águas, valem todo tipo de monitoramento, avisos e organização para o socorro propriamente dito. Sino de igreja alertando para a alta do rio não é ação preventiva. Evita que pessoas morram, mas não previne o problema que enfrentarão com as cheias ou deslizamentos. É claro que tais medidas não são o que gostaríamos de ver. Não gostaríamos de ver ninguém sofrendo com isso, mas diante da realidade, TEM que fazer.

As ações educativas também não podem ser esquecidas. Não se trata apenas de ensinar o que fazer quando o rio sobe, mas fazer com que os cidadãos entendam, por exemplo, que NÃO PODE construir em encostas.

Me peguei brava diante da TV quando ouvi um desabrigado culpar o governo, apontando os escombros de sua casa quase soterrada. Pensei: "Mas você construiu em cima de um antigo lixão, meu filho! O que você queria?"... Com a cabeça mais fria, já pude enxergar melhor a situação. Faltou ao homem desabrigado o conhecimento, a oportunidade e a mão protetora do Estado. A mão que o protege dele mesmo, ainda que soubesse que não poderia construir ali, ainda que pudesse construir em outro lugar.

Como cidadãos com acesso ao conhecimento e às oportunidades, eu e você, caro leitor, fazemos o que? Não podemos esperar que os cidadãos que sofrem com as chuvas pensem como nós, pois a muitos deles falta algo: se não o conhecimento, a oportunidade de sair dali. Vamos lá, gente! O que podemos fazer? Como conversar com os governos sobre o assunto?