Como a minissérie global contou a história (mesmo que
fictícia) de um político, não podia perder. Assisti e gostei. Não sou crítica
de TV e não estou falando também de aspectos técnicos como enredo, fotografia,
etc. Estou falando de como o tema foi tratado. O protagonista da trama é um
político honesto. Deus do céu! Um político honesto!? É isso mesmo. Apesar de
quase sempre retratar os políticos como pessoas corruptas e inescrupulosas, a
dramaturgia nacional ganhou um belo presente com o Deputado e Presidente Paulo
Ventura. E vou explicar por quê.
A personagem é um dos raros homens de bem (parafraseando o telefilme
de Jorge Furtado) da ficção brasileira. Sendo assim, acredito que se abrem
portas para o imaginário coletivo que está acostumado a rotular os políticos de
maneira negativa. Não que isso seja culpa da arte, antes dos exemplos reais que
vemos nos jornais! Mas já que a imprensa não se ocupa de mostrar os casos
positivos, que comecemos a vê-los nas histórias criadas para nos entreter. Quem
sabe assim não começamos a sonhar com bons políticos...
Então, caro leitor, você questiona: do que adianta sonhar? E
eu digo que adianta e muito! O sonho não é apenas a fuga da realidade, mas o
impulso que pode nos jogar de volta para ela. Precisamos sonhar, QUERER que a
política nacional não seja mais motivo de vergonha. Precisamos mudar a nossa
postura diante disso, mas rotular todos os políticos de corruptos é
PARALISANTE.
Pode paralisar os bons políticos que ainda têm força para
lutar por ideais éticos e coletivos. Se nós colocamos todos eles no ‘mesmo saco’,
como acha que os bons se sentirão? Motivados? No lugar deles, aposto que você
pensaria: “Já que o Brasil não enxerga o meu trabalho sério e ainda me acusa,
pra quê vou ficar aqui enfrentando verdadeiros bandidos e tentando mudar as
coisas? Ninguém acredita mesmo!”...
Crer que todos os políticos brasileiros são corruptos também
paralisa o cidadão que existe em nós. Sacudimos os ombros e pensamos: “Se
nenhum deles presta e nada vai mudar nunca, pra quê vou me envolver?”... É como
se a política não fosse, por isso, merecedora da nossa atenção. Assim, deixamos
o assunto de lado, não nos envolvemos, lavamos as mãos. Ficamos parados diante
dessa realidade tão vergonhosa, realidade essa construída com o voto de cada um
de nós. Somos responsáveis por ela. Ela é o reflexo da sociedade que compomos,
marcada pela corrupção nossa de cada dia, nos pequenos atos imorais e ilegais
que todos nós praticamos. Como exigir que todos eles sejam honestos, se não
conseguimos provar a nossa própria idoneidade... Desrespeitamos filas e leis de
trânsito, compramos DVD´s piratas, sonegamos impostos, queremos levar vantagem
em tudo! Temos orgulho do que irresponsavelmente chamamos de ‘jeitinho
brasileiro’.
O Brado Retumbante mostrou ao país um exemplo a ser seguido.
A arte pode, então, fazer crescer a esperança de dias diferentes, fazer com que
passemos a agir a favor do Brasil, a favor de nós mesmos. A luta entre o bem e
o mal está acontecendo nos gabinetes, plenários e corredores das instituições
públicas desse país, no coração de cada político e governante! E só o que
fazemos é deixar o terreno fértil para as ‘forças do mal’, desacreditar e enfraquecer
as ‘forças do bem’. Vamos incentivá-las, legitimá-las, reforçá-las! Pesquise e
descubra quais políticos vale a pena apoiar. Podemos começar assim...
O Brado Retumbante me fez sonhar com um Brasil melhor. E sonhar é um excelente começo. O começo do fim de nossa paralisia.
O Brado Retumbante me fez sonhar com um Brasil melhor. E sonhar é um excelente começo. O começo do fim de nossa paralisia.