quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O BRADO RETUMBANTE: O COMEÇO DO FIM?



Como a minissérie global contou a história (mesmo que fictícia) de um político, não podia perder. Assisti e gostei. Não sou crítica de TV e não estou falando também de aspectos técnicos como enredo, fotografia, etc. Estou falando de como o tema foi tratado. O protagonista da trama é um político honesto. Deus do céu! Um político honesto!? É isso mesmo. Apesar de quase sempre retratar os políticos como pessoas corruptas e inescrupulosas, a dramaturgia nacional ganhou um belo presente com o Deputado e Presidente Paulo Ventura. E vou explicar por quê.

A personagem é um dos raros homens de bem (parafraseando o telefilme de Jorge Furtado) da ficção brasileira. Sendo assim, acredito que se abrem portas para o imaginário coletivo que está acostumado a rotular os políticos de maneira negativa. Não que isso seja culpa da arte, antes dos exemplos reais que vemos nos jornais! Mas já que a imprensa não se ocupa de mostrar os casos positivos, que comecemos a vê-los nas histórias criadas para nos entreter. Quem sabe assim não começamos a sonhar com bons políticos...

Então, caro leitor, você questiona: do que adianta sonhar? E eu digo que adianta e muito! O sonho não é apenas a fuga da realidade, mas o impulso que pode nos jogar de volta para ela. Precisamos sonhar, QUERER que a política nacional não seja mais motivo de vergonha. Precisamos mudar a nossa postura diante disso, mas rotular todos os políticos de corruptos é PARALISANTE.

Pode paralisar os bons políticos que ainda têm força para lutar por ideais éticos e coletivos. Se nós colocamos todos eles no ‘mesmo saco’, como acha que os bons se sentirão? Motivados? No lugar deles, aposto que você pensaria: “Já que o Brasil não enxerga o meu trabalho sério e ainda me acusa, pra quê vou ficar aqui enfrentando verdadeiros bandidos e tentando mudar as coisas? Ninguém acredita mesmo!”...

Crer que todos os políticos brasileiros são corruptos também paralisa o cidadão que existe em nós. Sacudimos os ombros e pensamos: “Se nenhum deles presta e nada vai mudar nunca, pra quê vou me envolver?”... É como se a política não fosse, por isso, merecedora da nossa atenção. Assim, deixamos o assunto de lado, não nos envolvemos, lavamos as mãos. Ficamos parados diante dessa realidade tão vergonhosa, realidade essa construída com o voto de cada um de nós. Somos responsáveis por ela. Ela é o reflexo da sociedade que compomos, marcada pela corrupção nossa de cada dia, nos pequenos atos imorais e ilegais que todos nós praticamos. Como exigir que todos eles sejam honestos, se não conseguimos provar a nossa própria idoneidade... Desrespeitamos filas e leis de trânsito, compramos DVD´s piratas, sonegamos impostos, queremos levar vantagem em tudo! Temos orgulho do que irresponsavelmente chamamos de ‘jeitinho brasileiro’.

O Brado Retumbante mostrou ao país um exemplo a ser seguido. A arte pode, então, fazer crescer a esperança de dias diferentes, fazer com que passemos a agir a favor do Brasil, a favor de nós mesmos. A luta entre o bem e o mal está acontecendo nos gabinetes, plenários e corredores das instituições públicas desse país, no coração de cada político e governante! E só o que fazemos é deixar o terreno fértil para as ‘forças do mal’, desacreditar e enfraquecer as ‘forças do bem’. Vamos incentivá-las, legitimá-las, reforçá-las! Pesquise e descubra quais políticos vale a pena apoiar. Podemos começar assim...


O Brado Retumbante me fez sonhar com um Brasil melhor. E sonhar é um excelente começo. O começo do fim de nossa paralisia.